segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

ENTENDA O TRATAMENTO DO PILATES NA FIBROMIALGIA

ENTENDA O TRATAMENTO DO PILATES NA FIBROMIALGIA

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A fibromialgia também é conhecida como Síndrome de Joanina Dognini. Ela é uma doença reumática e crônica que se caracteriza por dores musculoesqueléticas difusas e migratórias.
Um paciente com fibromialgia também possui aumento da sensibilidade a vários estímulos, mas você sabia que o Pilates na fibromialgia pode ser muito eficiente?
Estima-se que cerca de 2% a 3% dos brasileiros sofram de fibromialgia no Brasil. Desses casos, a maioria acontece em mulheres. A cada dez pacientes, oito mulheres procuram o Studio de Pilates com essa patologia. Ao redor de 85% dos casos são diagnosticados em mulheres. A idade média das pacientes com a patologia varia entre 35 e 50 anos.
Existem outros fatores de risco além do sexo, sendo eles genéticos. Há maior chance de ocorrer em pacientes que possuam parentes próximos que já tenham sido diagnosticados com a fibromialgia.
Quem já possui algum tipo de doença reumática também tem maiores probabilidades de desenvolver a fibromialgiaO paciente com fibromialgia sente de 3 a 4 vezes mais dor do que aquele que não tem a patologia.
Não existe uma causa única e específica para o problema. Na verdade, ela está relacionada a diversos fatores, como:
  • Depressão:
  • Fadiga;
  • Ansiedade;
  • Alterações do sono e cognitivas;
  • Pós-situações de traumas ou estresse intenso, sejam eles físicos ou psicológicos.
Além das dores e alta sensibilidade, existem alguns sintomas correlacionados, como:
  • Cefaleia tensional ou enxaqueca;
  • Parestesia;
  • Tontura;
  • Outros.
Quem possui fibromialgia pode sofrer com a piora dos seus sintomas em algumas situações. Elas incluem esforço físico, estresse emocional, infecções, exposição ao frio e má qualidade do sono.
Pensando nisso, preparamos este texto para que você possa entender um pouco mais sobre essa condição e como o Pilates na Fibromialgia pode ser eficiente. Continue lendo!

Diagnóstico da Fibromialgia

Para entender como funciona o Pilates na fibromialgia, é preciso antes ser atendido por um conjunto de especialistas. São eles:
  • Médico reumatologista;
  • Psicólogo;
  • Fisioterapeuta;
  • Nutricionista.
O médico reumatologista é o mais especializado para guiar o diagnóstico e tratamento do paciente fibromiálgico. É ele que recomenda os medicamentos, dosagem e duração do tratamento.
Os medicamentos são usados com base nos sintomas e ajudam a:
  • Reduzir a dor;
  • Melhorar o sono;
  • Aliviar a fadiga e cansaço;
  • Tratar a ansiedade e depressão.
São usados vários tipos de medicamentos no tratamento da fibromialgia sendo eles: analgésico, relaxantes musculares e antidepressivos.
O diagnóstico é bastante difícil. São diversos sintomas apresentados aos médicos, fazendo com que a patologia seja confundida com outras doenças. Normalmente, é feito com base nos seguintes sintomas que o paciente apresenta:
  • Episódios de dor difusa por mais de 3 meses consecutivos;
  • Outros sintomas que são comuns na patologia.
Também é preciso pesquisar o estilo de vida do paciente. Não existem testes laboratoriais que possam realizar o diagnóstico. Muitas vezes o médico solicita exames para eliminar a possibilidade de outras doenças com sintomas parecidos.
Os esforços para diagnosticar a fibromialgia adequadamente são de extrema importância. Sem um diagnóstico claro é difícil ou até impossível programar um plano de tratamento adequado.

Protocolo de Avaliação para Fibromialgia

Para diagnosticar a fibromialgia, o médico utiliza um protocolo que palpa 18 pontos anatômicos bilateralmente. Se o paciente relatar dor em pelo menos 12 desses pontos o diagnóstico será positivo para fibromialgia. Isso é relacionado com situações relacionadas à dor, especialmente para saber se ela vem acompanhada de:
  • Sensação de parestesia;
  • Espasmo muscular localizado;
  • Nódulos;
  • Tremores;
  • Sudação;
  • Sensação de rigidez nas articulações e nos músculos;
  • Queimação.
De acordo com Smythe, Buskila e Gladman (1991), em casos individuais pacientes com menos de 11 pontos dolorosos poderiam ser diagnosticados com fibromialgia. Para isso seria preciso que eles apresentassem outros sinais que sugerissem o problema.

Entendendo o Tratamento

O tratamento com medicamentos, psicoterapia e redução do estresse podem ajudar no controle dos sintomas.
Exercícios físicos: fazer uma atividade aeróbica por 20-30 minutos, cinco dias por semana também melhora a condição cardiovascular.
No gerenciamento de estresse: buscar uma atividade agradável ou verbalizar uma frustração para reduzir o estresse e melhorar a saúde mental.
Técnicas de relaxamento: respiração profunda, meditação, ioga, exercícios aeróbicos e outras atividades que reduzem os sintomas de estresse.
Buscar por grupos de apoio, como por exemplo, um fórum para terapia e troca de experiências entre pessoas com uma condição ou objetivo similar, como depressão ou perda de peso.
Psicoterapia que tem como foco a modificação de comportamentos, respostas emocionais e pensamentos negativos associados a um distúrbio psicológico.
Técnicas de tratamento quiroprático no ajuste da coluna vertebral e massagem dos músculos das costas para aliviar a dor.
No alongamento, esses exercícios podem melhorar a flexibilidade e a condição física.
Terapia do exercício gradual: exercícios físicos que começam numa intensidade média e aumentam gradualmente ao longo do tempo.
Massagem: relaxa a musculatura tensa.
Acupuntura: inserção de agulhas em pontos específicos do corpo para aliviar a dor e tratar outros distúrbios. Uma forma de medicina tradicional chinesa.
Por tudo isso, que nós, profissionais do Método Pilates, conseguimos aliviar a dor e a qualidade de vida desses pacientes. São exercícios de baixo impacto nas articulações, que trabalham a respiração ajudando na diminuição da ansiedade, flexibilidade, relaxamento, fortalecimento, trabalham a postura, a musculatura do tronco e abdômen, equilíbrio e ainda ajudam na questão de elevar autoestima e diminuição do estresse como também na socialização, pois contribui para melhorar as questões psicológicas.

Pilates na Fibromialgia

Primeiramente, deixamos claro ao nosso paciente como é sua situação. A fibromialgia é uma doença ainda sem cura específica. Portanto, é importante que a pessoa mantenha uma rotina regular de exercícios e não procure ajuda somente quando surgir a crise.
Seus exercícios de Pilates na fibromialgia não devem ser com intensidade muito baixa, mas sim de intensidade moderada a intensa. Até mesmo a intensidade do exercício pode levar à melhora do paciente e do seu quadro álgico.
Também devemos incluir nas aulas exercícios de fortalecimento, flexibilidade e aeróbicos. O ideal é indicar a esse paciente que, além de manter a rotina dos exercícios ele mantenha suas atividades da vida diária normalmente.
Outro ponto importante é a avaliação. Ela é essencial, seja no momento do diagnóstico preciso da fibromialgia ou depois quando o paciente chega até o fisioterapeuta ou educador físico para praticar o Pilates na fibromialgia. Teremos um papel importantíssimo na vida desses pacientes fibromiálgicos.

Como Usar o Pilates na Fibromialgia

Um dos princípios básicos do Método Pilates que nos ajudará muito no tratamento é a respiração.
Normalmente, pacientes com fibromialgia têm a musculatura tensa e fadigada. Então, a respiração vai ajudar a melhorar a oxigenação das fibras musculares.
É possível tratar e desenvolver uma forma de intervenção positiva com o Método Pilates na fibromialgia. Ele é uma ferramenta importante que ajuda a melhorar a qualidade de vida dos alunos e pacientes com fibromialgia.
Um de nossos principais cuidados é manter uma rotina de exercícios de alongamento e fortalecimento dos grupos musculares mais utilizados.
Pacientes com fibromialgia que chegam até o Studio de Pilates em busca de tratamento vem um pouco desacreditados. Eles provavelmente já testaram vários tratamentos isolados sem muitos resultados. Dentre eles temos o tratamento medicamentoso, um dos mais procurados antes do Pilates.
É muito comum ouvir queixas de pacientes que não acreditam que podem melhorar. Eles chegam ao Studio de Pilates com muita dor espalhada por várias regiões do corpo. Muitos profissionais têm dificuldade de lidar com esse quadro que pode ser assustador.
Alguns têm dor tão intensa que chega a interferir na vida social do paciente e suas atividades diárias. Eles buscam principalmente um controle da dor através do Pilates e adquirir melhor qualidade de vida.
O paciente precisa saber que o tratamento é complexo e de longo prazo. Ele precisa dar continuidade aos exercícios, portanto precisa ter um mínimo de prazer na sua realização. A princípio, os exercícios serão de intensidade moderada e devem causar o mínimo possível de dor e desconforto após sua realização.

Dicas para o Tratamento

As sessões de Pilates na fibromialgia têm uma duração de 60 minutos. Nos últimos 5 a 10 minutos realizamos um relaxamento com a bola.
Damos sempre preferência ao atendimento individual, já que esses pacientes precisam de uma atenção especial. O atendimento varia dependendo da sua condição física e psicológica do dia da sessão.
Indicamos para o paciente praticar o método até mesmo quando está com dor. A tendência é que a dor aumente sem a prática de exercícios e ele precisa ter noção disso.
Usamos quatro aparelhos do Pilates Clássico: Reformer, Chair, Barrel e Cadillac. Também utilizamos exercício no solo usando magic circle, bolas, bozu, faixas elásticas e outros acessórios.
O primeiro passo no tratamento do paciente fibromiálgico é realizar exercícios para ganhar flexibilidade e mobilidade.
Uma boa opção para começarmos a despertar esse corpo da inatividade seria o trabalho de mobilidade articular. É possível aliar esses exercícios com o ganho de força moderado. No Pilates temos a grande vantagem de poder aliar tudo num único exercício.
Em alguns casos muito críticos de fibromialgia teremos pacientes mais delicados e minuciosos. Sugerimos começar o trabalho do Pilates na fibromialgia com sessões de 40 minutos de exercícios.
O 20 minutos restantes podem ser utilizados para aliviar as dores mecânicas. Esse alívio serve para as dores mecânicas geradas durante a prática de atividade física.
Utilizamos nesses casos a eletroterapia. Normalmente seguimos essa conduta durante as duas primeiras sessões. De qualquer maneira, não podemos deixar que o paciente deixe o Studio de Pilates sem um trabalho adequado de mobilidade e força.

Dicas de Exercícios de Pilates na Fibromialgia

Nas primeiras aulas:
No cadillac: Rolling Back e Spine Stretch
No Reformer: Mermaid, Front Splits, Sid Splits, FootWork, Running e Bridge
Na chair: Pump one leg e Hamstring Stretch
No barrel: Stretches Back, Stretches Front e Horse
Nas aulas em que o paciente já não apresenta um quadro álgico tão elevado, vamos intensificando os exercícios:
No cadillac: Tower, Sit Up e Breathing
No Reformer: Long Spine, Elephant e Leg Series one Leg
Na chair: Pumping one Leg e Going Up-Front
No barrel: Situ up, Horse com uso de faixa elástica e Leg extension
*São apenas alguns exemplos dos exercícios utilizados no Studio com pacientes fibromiálgicos.
Vale ressaltar que o tratamento deve continuar mesmo após o alívio das dores, o paciente precisa estar ciente que o tratamento é longo e não deve ser interrompido.

Conclusão

Para pacientes com fibromialgia existe uma vida antes e após o Pilates. A vida de antes era com dores diárias e momentos de infelicidade. Hoje a dor que sentem é somente devido à intensidade dos exercícios a qual eles chamam de “dor boa”.
Isso é realmente comprovado cientificamente. Existe uma liberação de hormônios e neurotransmissores que são estimulados com a prática dos exercícios.
Ao final da aula de Pilates o paciente/aluno já se sente revigorado, com uma grande sensação de bem-estar. Após isso, as melhoras na qualidade de sono e estado emocional acontecem. Possibilitamos para esse paciente até mesmo uma diminuição na dosagem dos remédios.
Para obter todos esses benefícios uma boa alimentação é importante. Precisamos da ajuda de uma nutricionista para complementar o tratamento.
O intestino deve funcionar muito bem nos pacientes com fibromialgia. Ele é o segundo órgão que produz mais neurotransmissores em todo o corpo. Dentre eles temos as cerotoninas e endorfinas, que melhoram o bem-estar, prazer, humor e ajudam a diminuir as dores.
Devemos sempre orientar o paciente para conduzir o tratamento com o auxílio de uma equipe multidisciplinar de profissionais.
É possível que o indivíduo passe por recaídas até mesmo devido à depressão que muitos dos pacientes apresentam. Temos que estar preparados e ter em mãos motivos para entusiasmar nossos pacientes, um deles é a variedade dos exercícios.
Se você conseguir motivar a pessoa a continuar praticando o Pilates na fibromialgia mesmo em seus piores momentos você ganhou um paciente para a vida.
A partir do momento que o corpo aprende a fazer os movimentos dos exercícios com maior eficácia motora, ele precisa de menos esforço e compressão de musculatura e nervos para se mover. O paciente consegue aplicar isso em suas atividades da vida diária, diminuindo as crises de dor e tornando-as menos intensas.
Os efeitos do Método Pilates são muito positivos na redução da dor, melhora da qualidade do sono, capacidade funcional e aspectos psicológicos.
Referências
https://Community Oriented Program for Control of Rheumatic
Smythe, Buskila, Gladman, 1993.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

FISIOLOGIA NEUROMUSCULAR APLICADA AO MÉTODO PILATES

FISIOLOGIA NEUROMUSCULAR APLICADA AO MÉTODO PILATES

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Sabemos que em qualquer atividade motora – seja em uma prática esportiva ou nos movimentos do dia dia -, uma complexa sequência de reações químicas e elétricas são necessárias para podermos realizar um determinado gesto, a famosa contração muscular.
Apesar da Fisiologia Neuromuscular ser uma disciplina muito estudada na área da saúde, alguns detalhes podem se fazer determinantes quando falamos em resultados.
Neste artigo você verá:
  • Princípios da Fisiologia Neuromuscular
  • Um Resumo Simplificado sobre Contração Muscular
  • Aprendizagem Motora
  • Relação elétrica/química entre Córtex x Músculo
  • Variando exercícios em aulas
  • Função Neuromuscular
É comum durante um tempo de prática do Método Pilates, nossos alunos/pacientes apresentarem um platô de resultados.
Que tal aprender mais sobre a Fisiologia Neuromuscular? Então continue lendo este incrível texto! Vamos lá?

Princípios da Fisiologia Neuromuscular

Esse ingresso no processo (que chamamos de Homeostase) não é algo muito vantajoso.
Afinal, por mais que os resultados alcançados tenham sido satisfatórios até então, temos que lembrar que o processo de envelhecimento não estagna e esses bons resultados irão se perder em pouco tempo.
Levando em consideração que o Neurônio Motor possui uma fantástica adaptação aos estímulos motores, o peso do próprio corpo e a tensão gerada pelas molas, acabam se tornando insuficientes para promover o aumento da intensidade e consequente ganho.
Até porque com o uso das molas (levando em consideração que estão sendo utilizadas da forma correta), sua tensão diminuiu com a deformidade. Ficando muito difícil de mensurar a intensidade do exercício.
Outra questão que vamos levantar nesse texto, segundo o mecanismo da Fisiologia Neuromuscular, é a complexidade dos exercícios quanto co-relacionamos Movimento x Aprendizagem x Resultados.
Bem, então vamos lá mergulhar nesse mundo fantástico (e, às vezes, assustador), chamado Fisiologia Neuromuscular e como seus fundamentos podem ajudar a gerar resultados positivos constantes.
Um Resumo Simplificado sobre Contração Muscular
  1. Um movimento é proposto;
  2. Estímulos eletroquímicos acontecem no Sistema Nervoso Central, mas precisamente no Córtex Motor;
  3. Um potencial de ação é gerado em direção à um neurônio motor;
  4. Do neurônio motor este estímulo desloca-se pela bainha de mielina;
  5. Ultrapassando a fenda sináptica vai para o músculo através de neurotransmissores chamado Acetil Colina (no sarcômero muscular);
  6. No sarcoplasma ocorre o processo denominado despolarização onde o K+ (potássio) precisa sair do meio interno para que o Na- (sódio) possa atuar no meio celular e dar entrada para o Ca+ (cálcio);
  7. O Ca+ se liga a troponina + tropomiosina e promove a exposição do sítio de ligação (actina + miosina);
  8. Esta ligação para acontecer necessita de energia, onde será retirado um P (fosfato) do ATP (adenosinatrifosfato), sendo hidrolizado (H2O) até que…
  9. A energia liberada provoca o deslizamento da actina entre os filamentos de miosina, caracterizando o encurtamento das miofibrilas;
  10. Finalmente temos a nossa Contração Muscular.         
Cada fibra muscular é composta por inúmeras miofibrilas que internamente contém os filamentos de actina e miosina.
Sendo aproximadamente 1500 unidades de miosina e 3000 unidades de actina, que vão desencadear essa contração muscular após todo esse processo de estímulos e potenciais de ação.
Mesmo de maneira simplificada, é fato o quanto a capacidade de gerar tensão em um músculo é um processo estressante e de grande dispêndio energético.
Um movimento para ser gerado requer ação cerebral e ação mecânica, ou seja, ainda mais custo energético para o organismo.

Aprendizagem Motora

Dentro do Córtex Motor se estabelece uma espécie de “bagagem motora”, movimentos que aprendemos no decorrer da vida vindo de nossas experiências ao acaso ou estimuladas.
Quando estamos diante de um movimento novo, o cérebro cria estratégias para a tentativa de realizá-lo.
Ele “escaneia” o movimento e, não o identificando na sua base de dados, recruta energia gerando uma fadiga no Governador Central.
Um “articulador central” que integra as informações centrais e periféricas envolvidas com o esforço – em termos de sensações de esforço envolvendo fortemente fatores emocionais.
Aqui Noakes, Lambert e St. Clair Gibson são categóricos em dizer que o exercício começa e termina no cérebro.

Relação elétrica/química entre Córtex x Músculo

No neurônio: familiarizar / armazenar / evocar o movimento = aprender, essas informações para uma próxima vez que esse movimento for solicitado.
Este aprendizado será armazenado na Bainha de Mielina, fazendo com que a resposta motora seja mais rápida por estar mais próxima da unidade motora, com economia de movimento e economia metabólica (energia).
Sabemos, que a capacidade de armazenar esses estímulos motores está mais sensível entre os 8 e 16 anos.
O processo de aprendizagem se dá até o último segundo de vida, mas o de armazenamento vai diminuindo com a idade.
Logo não é raro vermos nossos alunos aprendendo um determinado movimento, executando corretamente, porém, se esquecem do exercício com facilidade.
E dentro disso tudo que vimos sobre Aprendizagem, eu pergunto: Será que toda aula tem que ser diferente uma da outra?
Não estamos dificultando o processo de aprendizagem dos nosso alunos/pacientes já que este processo necessita de um certo TEMPO para se instalar?
Será que ficar inventando um monte de exercícios super elaborados, fadigando o Sistema Neural não está atrapalhando o trabalho muscular do seu aluno/paciente?
São questões para uma boa reflexão.

Variando exercícios em aulas

Muito se diz da aula/sessão de Pilates não cair em rotina, pois causa uma desmotivação no aluno/paciente. Ok, concordo, em partes.
Podemos deixar as aulas diferentes com os mesmos movimentos (até que sejam aprendidos), utilizando estratégias para variação de estímulos (intensidade).
O Pilates Contemporâneo nos dá a vantagem da criatividade, temos muitas formas de realizar o mesmo movimento de muitas maneiras, com acessórios, no solo, nos aparelhos… Enfim, podemos contribuir além do corpo, podemos exercitar Sistema Nervoso.  
Exemplos: cada exercício pode ter muitos tipos de variações:
  • No solo;
  • Nos aparelhos;
  • Com implemento de acessórios;
  • Realizados unilateralmente;
  • Em suspensão;
  • Associado á outros movimentos .
Exercícios esses que terão sua Intensidade x Volume x Pausa x Velocidade de execução x Seleção de exercícios de acordo com o objetivo e consequente progressão dos resultados.
Uma variação mais fácil terá mais repetições, uma variação mais difícil terá menos repetições, por exemplo, modulando adequadamente um esforço compatível com a adaptação neuromuscular.

Função Neuromuscular

No Córtex Motor – a mensagem será enviada para o neurônio motor que irá inervar, excitar e recrutar as unidades motoras dependendo:
  • Intensidade – das fibras que serão inervadas/excitadas/recrutadas (Tipo I, Tipo IIa ou Tipo IIx),
  • Volume – da quantidade de repetições, séries, exercícios, sessões por semana, frequência de ativação de um grupo muscular
  • Pausa– do substrato energético que será utilizado (Fosfocreatina, Glicose, Ácidos graxos)
  • Velocidade de execução – do ritmo de execução, sem que se perca a qualidade do movimento.
  • Escolha e ordem de exercícios – dos músculos sinérgicos, isolados, multiarticulares, monoarticulares que serão utilizados
CARACTERÍSTICAFIBRA TIPO IFIBRA
TIPO IIa
FIBRA TIPO II x
Nível de
produção de força
PequenoMédioGrande
Velocidade de RelaxamentoLentaMédiaRápida
Demanda EnergéticaLipídeos (ácidos graxos) < contribuição Glicose / CHO > contribuiçãoLipídeos / GlicoseGlicose / Fosfocreatina
MetabolismoAeróbio (O2/ <mitocôndrias/ < hemoglobina)Aeróbio/ AnaeróbioMistoAnaeróbio (sem O2, > mitocôndrias, > hemoglobinas)
Resistência à
fadiga
AltaMédiaBaixa
Com esses dados que nos mostram as características de cada tipo de fibra muscular, temos uma boa visão de como conduzir nossas sessões de pilates, de como podemos proporcionar evolução constante aos nossos alunos/pacientes.
Ou seja, esse estímulo terá que gerar alguma adaptação motora propondo diferentes níveis de potencial de ação, e isso interfere diretamente nos resultados a curto e longo prazo, ganhando força e resistência de força, potência e desenvolvimento neuromuscular, e principalmente funcionalidade.
Tudo isso nos trás a seguinte reflexão: O Pilates não é um Método engessado, ou melhor, nem deve ser!
Vejo muitos Instrutores passando o famoso 10 repetições. Por que? Onde temos embasamento científico que explique isso? Nunca encontrei essa resposta!
Diante de tudo isso, queridos instrutores, devemos ter a ousadia e coragem para levar seus pacientes/alunos à novos patamares. É preciso estudar, sim, muito. É preciso criar estratégias, sim, várias.
É preciso colocar como foco principal, como e quanto aquele estímulo vai , de fato, contribuir com a funcionalidade e qualidade de vida no meu aluno/paciente. Com certeza, esse é o grande objetivo desse texto.

Concluindo…

Devido a popularização do Método Pilates, os estudos científicos acerca dele cresceram muito.
Cursos de Especialização foram criados, artigos científicos e pesquisas vêm contribuindo consideravelmente. A Anatomia, a Biomecânica e a Fisiologia têm mostrado que ainda há muito para aperfeiçoar o Método.
Joseph Pilates foi, sem dúvida, genial dentro dos seus conceitos e idéias, um homem à frente do seu tempo, porém a época era extremamente frágil, devido à I Guerra, e a tecnologia rudimentar da época, com pouquíssimos recursos e nenhuma colaboração política. Dessa forma, o conhecimento era limitado.
Segundo palavras do próprio Mestre:  
“Para obter as realizações mais elevadas do escopo das nossas capacidades em todos os aspectos da vida, devemos nos esforçar constantemente para desenvolver corpos fortes e saudáveis e para desenvolver nossas mentes ao máximo das nossas habilidades.”
Joseph Pilates
Podemos, com muita humildade e cooperação, unir o passado, o presente e o futuro, os princípios clássicos e a ciência, a ideia e o saber. 
Para melhorar o que já é magnífico e assim, contribuir ainda mais com nossos alunos e pacientes para que tenham uma saúde plena. Afinal, estamos atuando, por eles e para eles.