quinta-feira, 7 de junho de 2012


ARTIGO SAÚDE

SAÚDE PARA OS PÉS


A moda contra a anatomia
Qualquer sapato é estranho ao pé, que foi “projetado” para andar descalço. O calçado ideal ainda não existe, mas já há pesquisas que tentam achar a fórmula do modelo totalmente indolor
Sofrer para ficar elegante parece loucura, mas há mulheres que são capazes de suportar horas de dor nos pés só para ficar em cima de um salto alto. “Com os modelos que existem hoje, quem quiser usar salto vai sempre sentir dor”, alerta a ortopedista Cibele Réssio, especialista em pés e tornozelos da Unifesp e autora da tese “A Avaliação Baropodométrica da Influência do Salto Alto em Mulheres”, apresentada em novembro último.
Durante dois anos ela analisou, em São Paulo, mais de 700 pés femininos. Usando um aparelho que mede a pressão na planta dos pés (o baropodômetro), chegou à conclusão de que todo salto alto, independentemente do tamanho ou do formato, muda o modo como a pessoa pisa no chão e se equilibra – quanto maior o salto, menor a superfície de apoio, o que faz com que o peso se concentre nos dedos.
A partir dos resultados obtidos, a idéia de Cibele Réssio é projetar um sapato de salto alto que não provoque nenhum tipo de dor -ela procura parceiros para tocar o projeto.
Pisada diferente
O salto alto provoca uma mudança na musculatura: com o uso constante, os músculos da parte de trás da perna ficam mais curtos e os da frente, mais longos. Para pessoas que já se habituaram ao uso do salto, o desconforto vem na hora de usar um sapato de sola plana, como um tênis. Para se sentir bem sempre, a melhor receita é intercalar o uso de sapatos de salto alto e de sola plana, assim a musculatura da perna fica em um estágio intermediário -quem guarda os saltos apenas para ocasiões especiais geralmente termina a festa carregando os sapatos na mão.
Alguns médicos dizem que andar descalça é a única maneira de evitar dores. “O pé estranha o sapato e precisa se adaptar”, diz o ortopedista Henrique Sodré, professor livre-docente da Unifesp. Os modelos que mais se adaptam aos pés são aqueles com solado plano (como chinelos ou sandálias). Entre os sapatos fechados, os tênis são os campeões do conforto por causa dos solados flexíveis e dos sistemas de amortecimento.
Os problemas
Os sapatos de salto podem causar problemas como tendinite (inflamação do tendão) na perna e dores musculares. Calçados fechados de borracha e outros materiais sintéticos, como o tênis, facilitam o aparecimento de micoses. “O sapato deve ser arejado e não deve ser usado dois dias seguidos, é preciso deixá-lo fora do armário, se possível no sol. Enxugar bem os pés também previne as micoses e o mau cheiro”, ensina a dermatologista Clarisse Zaitz, chefe da clínica de dermatologia da Santa Casa de São Paulo.
Modelos com bico fino facilitam o aparecimento de unhas encravadas -para evitar o problema é preciso cortar a unha de modo a deixá-la quadrada e sem pontas. “Só de olhar para o pé de uma mulher é possível saber que sapato ela usa”, diz a podóloga Aparecida Maria Bombonato, coordenadora do curso de podologia do Senac (SP). Mulheres que abusam do salto alto, por exemplo, têm calos sobre os dedos. E quem só usa sandálias no verão fica com pés ressecados.
O uso constante de sapatos de bico fino ou com salto promove o aparecimento de joanetes (mas a hereditariedade tem um peso maior). Mas hoje existe uma grande variedade de solados, saltos e formato de bicos. Os mais recomendados são os sapatos com saltos e bicos quadrados, por serem mais estáveis e confortáveis. Os solados tipo plataforma também são uma boa opção porque ajudam a manter o equilíbrio mais facilmente. Fuja, ou reserve para ocasiões muito especiais, os sapatos de salto fino ou agulha, que são pouco estáveis e facilitam uma torção.
Fonte: Marie Claire
 
De acordo com a pesquisa da ortopedista Cibele Réssio, 20% das mulheres sentem dor na hora em que coloca o salto alto, 40% sentem 2 horas depois, 30% sentem 4 horas depois e apenas 10% das mulheres não sentem dor ao usar salto alto mesmo depois de 4 horas.
 
Fonte: Marie Claire


A ALTURA E O MODELO IDEAL

O salto pode deixar a mulher mais bonita, dando um toque de elegância sensualidade e sofisticação. Tantas vantagens escondem malefícios do sapato alto para a saúde da coluna vertebral, como sobrecarga nos pés e encurtamento dos músculos da panturrilha.
O uso excessivo de salto alto altera a biomecânica da coluna. O centro da gravidade (ponto onde o peso do corpo está igualmente distribuído em todas as direções) da mulher é deslocado para frente, obrigando o corpo a adotar compensações na coluna como hipercifose dorsal e hiperlordose lombar, para retornar ao equilíbrio, o que gera fortes dores.
Outro problema comum decorrente do uso do salto alto é o encurtamento dos músculos da panturrilha. Quando a mulher utiliza sapatos baixos, devido ao encurtamento destes músculos, ela acaba tendo que adotar uma postura compensatória, dobrando os joelhos, o que sobrecarrega a coluna e os próprios joelhos.
De acordo com estudos da Unifesp, o salto mais recomendado para uso diário é de até 4 cm. As mulheres que preferem saltos mais altos devem dar preferência aos saltos grossos (maior base de sustentação), não sobrecarregando os pés. Os saltos tipo plataforma proporcionam uma melhor distribuição de peso, no entanto, seu uso rotineiro, favorece as entorses e quedas. O salto agulha deve ser evitado no dia-a-dia (eleva bastante o calcanhar, sobrecarregando a parte anterior dos pés). É bom lembrar que o osso do calcanhar é principal sustentador do peso corporal. O salto quadrado é bastante utilizado, por distribuir melhor o peso entre as articulações dos pés, deixando o calcanhar bem confortável.
As recomendações baseiam-se no rodízio de saltos mais altos para os baixos, evitando o costume dos pés com um só tipo de alto. Outra dica, sempre que possível andar descalço, ou chinelos, realizando alongamentos e prevenindo dores e desconforto. No caso de crianças  o prejuízo  é maior, tendo em vista que seu corpo está em desenvolvimento e maturação, onde um simples encurtamento muscular pode tornar-se irreversível.
Leonardo Natal - fisioterapeuta - professor da Universidade Veiga de Almeida.
Fonte: Jornal do Brasil

NOTA DO BLOG: O Pilates é um excelente método para prevenção e tratamento das alterações posturais e dores musculares e/ou articulares provocadas pelo uso contínuo do salto alto. Através de uma avaliação estática e dinâmica da postura, pode-se traçar um plano de evolução de exercícios de alongamento dos músculos encurtados (principalmente da cadeia muscular posterior) como por exemplo os músculos tríceps surais e isquiotibiais, e fortalecimentos de músculos que estejam flácidos e fracos como os quadríceps e abdominais. Através dessa evolução, após algumas aulas/sessões pode-se diminuindo a altura do salto e começar o uso de diferentes tipos de sapatos. Os benefícios corporais são amplos, desde o alivio de dores constantes nos artelhos (dedos) dos pés, panturrilhas, joelhos e coluna lombar, torácica e/ou cervical. Como também o equilíbrio do centro de gravidade, prevenção de quedas futuras (devido ao desequilibrio estático anterior), melhora da conciência corporal e do padrão postural e consequentemente da autoestima* (autoconfiança, autoaceitação ou autoimagem) e qualidade de vida**.
 * Em psicologia, autoestima inclui a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau (Sedikides & Gregg, 2003).

** Qualidade de vida é o método usado para medir as condições de vida de um ser humano . Envolve o bem físico, mental, psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais, como família e amigos e também a saúde, educação, poder de compra, habitação, saneamento básico e outras circunstâncias da vida. Não deve ser confundida com padrão de vida, uma medida que quantifica a qualidade e quantidade de bens e serviços disponíveis.


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