segunda-feira, 26 de novembro de 2012

ARTIGO SAÚDE: MARCAS QUE ACOMPANHAM O CORPO DE UM CORREDOR


ARTIGO SAÚDE

MARCAS QUE ACOMPANHAM O CORPO DE UM CORREDOR

Foto:http://www.google.com
No mundo da corrida, as dores crônicas são uma realidade. As mais comuns são a tendinite no joelho e os problemas musculares e entorses nas pernas, pés e tornozelos, segundo pesquisa de revista especializada com 200 praticantes. Para reverter a situação, médico aconselha não deixar atividade física de lado, sessões de fisioterapia e fortalecimento
Por Victor Costa

A sensação era de que uma agulha estava espetando seu glúteo, mas nada insuportável a ponto de Lady Uchoa, de 56 anos, encerrar o treino. O problema é que a dor foi se espalhando para a coxa, fazendo da passada um movimento cada vez mais sacrificante. Corredora há mais de quatro décadas, Lady sabe bem o que é conviver com dores, mas nunca havia sentido um incomodo parecido. Mais tarde, ela descobriu que sofria da síndrome do piriforme.

— Muitos também a chamam de síndrome do corredor, e é decorrência do impacto da corrida nos quadris. Passei a conviver com este problema há uns três anos. Fui ao médico, que me receitou um tratamento com procaína. Não parei de treinar e as dores sumiram por um tempo — conta Lady, revelando que não se livrou de vez do problema. — Volta e meia, começo a sentir umas pontadas no glúteo, indicando que dor está voltando. Mas não dou mole e passo a treinar na grama ou na areia, onde o impacto é menor. Foi a maneira que encontrei para controlar essa dor crônica.


Correr faz parte do tratamento

Se não pode eliminar a dor de vez, Lady aprendeu a lidar com o problema sem deixar de lado um dos maiores prazeres de sua vida: a corrida. E este dilema não é exclusividade dela. Muitos corredores aprendem a conviver com uma dor crônica. Diretor do Centro de Tratamento Intensivo da Dor, o médico José Ribamar Moreno explica:

— A corrida é um esporte de impacto. Não há como fugir disso. Quanto mais se corre, maior a chance de adquirir uma lesão, que pode ser originada por uma combinação de fatores. A alimentação, o tipo de pisada, as condições do terreno, a predisposição física... Tudo isso pode resultar numa lesão.

Recentemente, a “Revista Brasileira de Fisioterapia” publicou uma pesquisa com mais de 200 corredores. Foi feita uma lista com as principais lesões que acometem os praticante do esporte. A maioria se localizava nos membros inferiores. A mais comum é a tendinite no joelho. Logo atrás, vêm entorses, distensões, estiramentos e outros problemas musculares na região nas pernas, pés e tornozelos. Dores na lombar e nas costas também aparecem em bom número.

Ribamar explica que, para uma dor passar a ser considerada crônica, é preciso que esta interfira na qualidade de vida da pessoa por mais de três meses. Segundo o médico, 80% dos casos de dores agudas melhoram em até três semanas. E outros 10% desaparecem antes dos três meses.

Não existe uma receita de bolo para a pessoa aprender a conviver com uma dor crônica. No entanto, em todos os trabalhos de recuperação estão incluídos a fisioterapia e o fortalecimento da área afetada.

— A corridinha também faz parte do tratamento. Mesmo com dor, a pessoa deve fazer um treino moderado, prestando bastante atenção em como a área lesionada vai responder. A ideia é tentar controlar a dor. É importante manter os músculos em atividades. Uma semana já é suficiente para perder uma quantidade boa de massa muscular. Se o corredor se lesiona e deixa as atividades físicas de lado, a musculatura enfraquece e fica mais difícil a recuperação — alerta o médico.

Se a dor for muito grande a ponto de a pessoa não conseguir correr, Ribamar explica que é preciso fazer um tratamento mais intensivo no controle da dor e da inflamação, desde uso de analgésicos até infiltrações na área afetada. Isto varia de acordo com cada quadro. Outro ponto que deve ser levado em consideração é a capacidade fisiológica de cada corredor. Existem limites e estes precisam ser repeitados.

— A pessoa deve conhecer as repostas do seu organismo para enfrentar determinado desafio. Não adianta, por exemplo, uma pessoa treinar para uma maratona se o seu corpo só suporta 21km. Se continuar tentando correr 42km, os problemas só vão piorar. A genética varia de pessoa para pessoa — explica Ribamar.

prevenção ainda é o melhor remédio


É comum os corredores sentirem dores após o treino. E a maioria delas desaparece rapidamente. Para não fazer uma tempestade num copo d’água, o ortopedista Marcelo Cavalheiro, especializado em medicina do esporte, explica que é bom o paciente procurar um especialista se a dor persistir por mais de dois dias.

— É óbvio que, como médico, devo falar que é preciso analisar cada incômodo. Mas, na prática, sei que isso não acontece. Portanto, peço para os meus pacientes me procurarem se o problema persistir por mais de dois dias, já que este é o prazo para que o organismo se recupere de uma inflamação leve ou de uma pequena dor muscular — diz o ortopedista.

Por mais eficiente que seja o tratamento, a melhor maneira de evitar uma lesão e que esta evolua para uma dor crônica ainda é a prevenção. Em primeiro lugar, o atleta deve usar um calçado adequado à sua pisada, conjugando amortecimento e estabilidade. O tênis também deve ter um período de descanso de 24 horas após o treino, para recuperar suas propriedades de absorção de impacto. Por isso é recomendado ter dois pares para treino. Sem esquecer, é claro, do trabalho de fortalecimento muscular.

— O fortalecimento é importante tanto no trabalho de recuperação quanto no de prevenção, pois estimula a força, a potência e a elasticidade da massa muscular. E quanto maior for a eficiência dessa massa, menor será a instabilidade nas articulações no momento do exercício. Portanto, o risco de lesões diminui significativamente — diz Ribamar.

Fonte:  http://oglobo.globo.com/blogs/pulso

Nenhum comentário:

Postar um comentário